Yeti

                                           

   Em 1921, os primeiros exploradores a desafiar o monte Everest avançavam lentamente através de uma passagem cheia de neve dos Himalaias a uma altitude de 6000 metros. De repente, viram umas figuras sombrias numa vertente acima deles. Parecia que se moviam erguidas como humanos. Quando os exploradores espantados chegaram ao cimo, as figuras tinham desaparecido. Mas havia uma grande quantidade de pegadas enormes na neve. Que coisa as poderia ter causado? Os guias tibetianos em estado de exaltação não tinham dúvidas. Era o yeti ou "mehteh kangmi" (criatura das neves), um ser selvagem e cabeludo que vivia nas neves eternas. Mais tarde, as notícias chegaram aos jornais e o nome da criatura de neve tornou-se "Abominável Homem das Neves", devido ao seu mau cheiro.

        A partir daí começaram a aparecer mais relatos. Em 1948, um explorador norueguês disse ter sido brutalmente atacado por dois yetis e ter-se salvo com dificuldade. Mais recentemente, em 1973, uma rapariga sherpa disse ter sido atacada por um yeti perto do Everest.

    > A fotografia de um suposto escalpe de yeti

   > A pegada de yeti de Shipton. O sol pode alargar as pegadas dos animais ao derreter a neve, mas esta pegada não é de nenhum animal conhecido.

 

        Não se tratam dos primeiros relatos. O yeti surge nas lendas dos povos locais do Nepal, que adoram este animal e não penetram nas suas terras. Eles acreditam que existem três tipos, sendo o mais pequeno, o Yeh-teh (de onde deriva o nome popular) , do tamanho aproximado de um macaco. O Meh-teh é mais alto e mais pesado, tendo mais ou menos o tamanho de um homem, e o maior de todos, o Dzu-teh, chega a atingir, segundo se crê, dois metros e setenta de altura.

        É bem possível que existam pequenas comunidades de pessoas a viver nas regiões mais selvagens, as quais, durante gerações, tenham evitado o contacto com a civilização. Um desafio ainda maior colocado à ciência é a ideia de que poderá haver muitos grupos de seres que vivem em locais retirados, que evoluíram em isolamento e sobre os quais não possuímos qualquer conhecimento - estes são verdadeiros becos sem saída evolutivos.

        As mesmas regras de biologia que se aplicam a monstros de lagos ou animais marinhos gigantes são também aplicadas aos becos evolutivos terrestres. Para poder sobreviver tanto tempo, uma comunidade tinha de ser constituída originalmente por um número suficiente de indíviduos que permitisse a diversidade genética, mas, ao mesmo tempo, não tão grande que os recursos do ambiente fechado em que eles vivessem fossem incapazes de os suportar.

        Os Himalaias são uma das regiões mais inóspitas do planeta, mas sustentam um ecossistema que contém, no príncipio da cadeia alimentar, uma grande variedade de plantas resistentes que suportam a população de iaques e de outros mamíferos e aves relativamente pequenos. Um yeti estaria no topo da cadeia alimentar, mas, tal como o monstro do Loch Ness, com uma infra-estrutura tão delicada, ele estaria provavelmente muito próximo da extinção.

        Para poder maximizar os recursos, os yetis seriam quase certamente omnívoros, suplementando a sua dieta de iaque e de outros animais com a vegetação local. Eles poderão ter uma camada grossa de gordura protectora e um pêlo muito espesso, deslocando-se apenas a altitudes mais baixas para caçar. Seriam quase certamente animais solitários, intensamente territoriais, ocupando uma área específica e encontrando-se apenas para acasalar (o que seria um acontecimento raro).

                                   

Bigfoot

                                           

        A versão americana do yeti é o igualmente tímido Bigfoot que, segundo se supõe, vive em zonas florestais, mas cuja aparição tem sido relatada em quase todos os estados. Existem documentos sobre a existência de animais semelhantes na China, onde são conhecidos como Yag-mort, assim como na Sibéria, onde lhes foi dado o nome de Chuchunaa, e ainda na Austrália, onde é chamado de Yowie.

        Os primeiros registos da existência do Bigfoot, um animal gigantesco semelhante a um macaco, datam de 1811, quando um viajante afirmou ter encontrado pegadas com 35 cm. Albert Osman afirmou ter sido raptado por um Bigfoot em 1924 e que uma família composta por quatro criaturas o manteve prisioneiro até conseguir fugir. Porém, já as tribos índias da Colômbia Britânica e da Califórnia do Norte também têm descrito um monstro com a forma de uma macaco nos seus contos. É normalmente conhecido por Sasquatch.

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    > Em 1967, Roger Patterson filmou algo que afirmava ser um Bigfoot, em Bluff Creek, California, EUA. Ele e o amigo, Bob Grimlin, pensaram que se tratava de uma fêmea. A criatura virou-se e olhou para eles. Quando percebeu que o seguiam, o Bigfoot começou a correr e acabaram por lhe perder o rasto.

  > Foi encontrda esta estrnha pegada na neve na neve, em Bossburg, Washington, EUA, em 1969. Tinha 42 cm de comprimento. 

        O Bigfoot é, ao mesmo tempo, mais fácil de aceitar e mais problemática para os cientistas do que o yeti.

        Os recursos, especialmente a comida, seriam muito mais abundantes nas florestas dos Estado Unidos, e o clima é significativamente melhor. Mas, esta é uma zona do mundo muito habitada e seria pouco provável que um ser tão grande como o lendário Bigfoot fosse visto com tão pouca frequência. No caso do yeti, é fácil explicar o facto de nunca terem sido encontrados ossos ou restos mortais, e de as pegadas seram vistas apenas raramente, mas o mesmo não se poderia aplicar a uma criatura misteriosa que vivesse em Kentucky ou na Califórnia.

                                               

 

Conclusão

        Nestes enormes casos de becos evolutivos humanóides, é dificil explicar como conseguem sobreviver. A Natureza surpreende-nos constantemente, e Yetis e Bigfoots podem ter arranjado cada um a sua maneira peculiar de sobreviver, através de formas que nem nos passam pela cabeça. Contudo, pode-se especular acerca da sua origem.

        A julgar pelo seu tamanho, pôem-se a hipótese de, a partir de um ponto distante na nossa evolução, eles seguirem um caminho evolutivo diferente do nosso. Contudo é quase impossível especular sobre em que ponto essa separação se terá dado. Tanto o Yeti como o Bigfoot parecem ter mais em comum com o gorila do que com o Homo sapiens. O gorila é o maior de todos os primatas, podendo atingir uma altura de quase dois metros e um peso de cento e oitenta quilos. É também bastanta territorial, vivendo geralmente em pequenos grupos.

        Com base em determinados dados (por exemplo, a reduzida diferença genética entre os seres humanos e os chimpanzés), concluiu-se que se um tipo de macaco antepassado se afastou dos outros ramos da árvore evolutiva a determinada altura, há milhões de anos, a sua caracterização genética pode ser muito semelhante à dos actuais primatas, incluindo-nos a nós. Claro que nós não temos qualquer forma de saber como é que estes animais se terão adaptado ao longo de milhares de gerações. Para determinar o caminho evolutivo seguido pelo animal, os biólogos precisariam de uma amostra de sangue ou de alguns restos mortais de onde pudessem extrair o ADN. Mas, se um dia se vier a saber, é provável que se descubra que o Abominável Homem das Neves é um parente muito chegado do Homo sapiens. 

     > Em 1920, o geólogo suiço, François de Loys, estava a explorar a fronteira Colômbia/Venezuela, quando duas criaturas enormes, semelhantes a macacos, se dirigiram na sua direcção emitindo gritos de fúria. Os seus homens abriram fogo e mataram a fêmea. Em seguida, fotografaram o corpo. O animal parece pertencer a uma espécie de macaco ainda desconhecida, mas tinha uma cara semelhante a um humano.

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